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Road to 10 years – Um manifesto pelo Trance

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Nem parece, mas daqui 10 meses, o Trance in Brazil vai fazer 10 anos de existência, desde aquele 10 de Maio de 2013, com aquele kickoff inesquecível com Aly & Fila, Tomas Heredia, Danilo Ercole, Sourcee e Sunset.tib1

Flyer do primeiro evento do Trance in Brazil, com Aly & Fila, Tomas Heredia e grandes DJs nacionais!

Ao chegar a uma marca como essa, é importante fazermos uma autocrítica, entender como foi essa caminhada, e o que nos espera daqui em diante.

Quando iniciei, junto com Marlon e Kenny esse projeto, entramos como fãs, sem conhecimento nenhum de produção de eventos, de como a noite funcionava, não tínhamos networking necessário, não tínhamos patrocínio… 3 rapazes de TI juntos fazendo uma loucura na noite paulistana.

Lógico que isso trouxe muitas dificuldades, prejuízos, mas também, trouxe momentos que jamais esqueceremos em nossas vidas. Conhecemos tantas pessoas maravilhosas, tantos artistas inesquecíveis, e, mesmo com tantas dificuldades, afirmo: Faria tudo de novo.

Só que agora, com conhecimento de como as coisas funcionam, como a noite paulistana mudou, e como o próprio trance, mundialmente, mudou, vale uma reflexão sobre o que queremos para o futuro.

“O Trance Morreu!” De novo?

Muito tem se falado por aí que o trance morreu (de novo!), dando lugar ao techno melódico, ao progressive house e que o trance ficou datado – mesma história que eu ouvi em 2008, em 2013 e em 2019. Uma vez por década matam o trance –, e que deveríamos abraçar novo sons, com artistas que tocam em eventos como DGTL, Afterlife, Anjunadeep, dentre tantos outros selo de sons melódicos, mas de bpm mais baixo.

Mas tenho uma surpresa pra vocês: esses sons sempre estiveram presentes no Trance in Brazil! Uma das premissas mais importantes de nossos eventos é coerência musical, build up de um lineup que parte de um som mais leve e vai ganhando corpo durante a noite.

Quem acompanha o Trance in Brazil desde o início sabe bem que os sets de Flavio Grifo, Sourcee, Wrechiski, Danilo Ercole, e até mais recentemente, Nato Medrado abriram os trabalhos nos clubs tocando o que hoje chamam de Techno Melódico, Progressive House, Techno ou whatever. Acontece que tudo isso é trance só que em um BPM mais baixo.

No fim das contas, não importa se um estilo está morrendo ou não para o mercado e se vai dar 2 mil pessoas no club para curtir. Nossa proposta nunca foi alcançar multidões, até porque nós já mensuramos qual é o tamanho do público fiel que segue esse estilo pelo Brasil, e não passa de 800 pessoas. Acima disso, são pessoas que seguem artistas grandes, como Armin van Buuren, Above & Beyond, Paul van Dyk, que são artistas com alcance maior, mas que não se engajam por artistas menos conhecidos aqui no Brasil.

Tá. Mas e aí, o que isso significa?

De posse das informações citadas acima, sabemos que o mercado não tem interesse em fomentar nichos. Os grandes investidores, detentores de patrocínios e quem quer ganhar dinheiro na noite não tem interesse em fomentar eventos para no máximo 800 pessoas. Quem investe na noite costuma pensar em escala, em eventos com grande quantidade de pessoas, com muita venda de camarote, e muitos vips pra consumir no bar. Isso não é o nosso público.

E mais recentemente, com o fenômeno do “techno melódico” que invadiu todos o clubs do mundo, com djs de diversos estilos (incluindo de trance) realizando releituras de faixas de trance com bpm mais baixo e mudança de alguns elementos e, principalmente, sem “trance” no nome do estilo.

O Legado do Trance no planeta

É estranho parar pra pensar no motivo para o nome “trance” ser tão pejorativo, seja aqui ou fora do Brasil. A Trance music foi a grande responsável pela massificação do que então era dance music no final da década de 90 – ou alguém não conhece Lasgo – Something, Ian Van Dahl – Castles in The Sky, ou até mesmo Kasino – brasileiro da dance music que nada mais eram que batidas melódicas progressivas bem trancy?

Não à toa, a maior revista do mundo, a DJ Magazine, que elenca os melhores DJs do mundo teve de 1997 até 2017 15 dos 20 ganhadores eram DJs de trance. Além disso, os demais participantes do top100, tinham quase metade do ranking só com artistas de trance e progressive em alguns anos.

Vale dizer que até 2010 essa revista se baseava em DJs, clubs e especializados na área para realizar essa classifiação, depois disso passou a ser votação popular, perdendo o caráter técnico como base para a votação.

Hegemonia

Como mostrado abaixo, se levarmos em consideração apenas o top5 de 1997 até 2021, temos 57% do ranking ocupado apenas por DJs de trance e progressive. Somente quando o critério da revista passou a ser votação popular, e não técnica ou qualidade, os DJs de trance saíram da lista – apenas Armin van Buuren permaneceu no top5 desde então, o DJ com mais votações no top5 de todos, em 19 anos seguidos, desde 2002 até 2021, além de ser o maior ganhador da votação da revista, com 5 premiações de melhor do mundo.

djmag

Extração do ranking da DJ Magazine

É o estilo mais copiado, adaptado e reproduzido no mundo. Até hoje. Progressive house e techno melódico que o digam!

O Futuro do Trance in Brazil

Não pretendemos sair da nossa origem que é proporcionar festas inesquecíveis, com DJs renomados, underrated e que tragam lágrimas aos nossos olhos, arrepios na pele a cada música importante tocada, a emoção da conexão com pessoas que você conhece sentindo o mesmo que você, e mesmo com pessoas que você nunca viu antes, mas que se conectou através da música, do trance.

Daqui em diante, passaremos a dar mais atenção a artistas que expressam o que a comunidade vem pedindo, que é um som mais leve, com progressão mais lenta. Mas sem deixar de ter em nossos lineups artistas que expressam o que consideramos o puro creme da trance music.

Iremos incluir em nossos eventos mais artistas da linha progressive, com datas inclusive focadas nesse estilo. E isso não deixará de ser parte da alma do Trance in Brazil, até porque, como dito no início, esses estilos sempre fizeram parte dos nossos lineups.

Continuidade e Engajamento

Continuaremos a dar suporte aos artistas brasileiros que tocam esse estilo, dando visibilidade também para artistas que tocam um som mais leve e progressivo, mas também coerentes com nosso modo de enxergar a trance music (Scorz arrebentando é um grande exemplo disso, além de Wicked, do Leo Lauretti, do Danilo Ercole, e do Empiric, alias progressive do Guto Putti), além de manter em vista os artistas que tocam o lado mais energético e emocional do trance,  o Marcell Stone, e o JuniX.

Não sabemos se mudar o nome do núcleo fará diferença, pois já nos estabelecemos com o nosso nicho, e ele não mudará abarcando “novos” estilos que sempre fizeram parte de nossa história. Mas estamos avaliando a criação de um sub-selo do Trance in Brazil para os eventos mais proggy/techy. A ver.

TIBCLUB

Então chegamos ao ponto cerne no fim das contas. Vamos ter eventos em breve?

Vai depender do público. Como já exaustivamente explicado aqui, o mercado não absorve esse tipo de evento. Não há patrocínio, nem investimento no estilo. Então, para sobreviver, o estilo terá de se suportar pelo próprio público. De que forma? Fidelização.

Retomaremos o projeto do TIBCLUB.

Um clube de assinaturas, que permitirá que com R$40,00 mensais, e 300 assinantes, consigamos manter festas trimestrais de trance com DJs internacionais, e outras mais de fomento aos artistas nacionais, totalizando 8 eventos anuais. 4 com artistas internacionais e 4 com djs nacionais, com artistas de diversos estilos, dentro do espectro progressivo do progresive house, techno melódico, progressive trance, trance clássico, uplifting, tech trance, entre tantos outros nomes que nada mais são do que TRANCE no fim das contas.

O diferencial dessa proposta permanece sendo a possibilidade de os assinantes escolherem em conjunto os próximos artistas a tocar nos eventos. Colocaremos a disposição uma lista de artistas disponíveis no período, e VOCÊS escolherão. Tal participação na montagem dos lineups inexiste no mercado, e trará para nós a possibilidade de termos artistas que dificilmete veremos fora dessa iniciativa.

É uma forma de manter a cena viva, e com a participação ativa do público, que sempre foi o motivo principal de estarmos aqui até agora.

Acessem a campanha!

Vejam a proposta no nosso site, www.tranceinbrazil.com.br/tibclub

Estamos com uma pré-campanha no Catarse. Cadastre-se no site e marque como interessado na campanha, clicando em “Avise-me do lançamento”. Caso alcancemos o número de interessados que justifique o lançamento do projeto, seguiremos com ele, e todos teremos trance, progressive, techno melódico pra todo mundo, o ano todo.

precampanha

Se não, continuemos a mercê de eventos cobrando absurdos por eventos com artistas que nem sempre expressam a vontade do nosso público de entrar e sair satisfeito do evento, do warmup ao último suspiro no fim do evento.

O Trance in Brazil não voltará a fazer eventos se não for através do clube de assinaturas. Não podemos mais continuar trabalhando no risco com os eventos. Ou o público se engaja, ou a marca não sobrevive.

Contamos com vocês pra manter a chama acesa!

Nos vemos na pista! E no TIBCLUB!

Abaixo, alguns links com posts interessantes de artistas que discutem de alguma forma o que ocorre com o trance nos últimos anos, bem como a forma com que eles enxergam essa nova onda de “techno melódico”.

Thrillseekers – “Como diferenciar o Trance e o Melodic Techno”

Matéria na Phouse sobre a fase do trance nos últimos anos, fora e no Brasil

John 00 Flemming – “For the Love of Trance”

 

Post escrito por: tranceinbrazil

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